segunda-feira, 4 de julho de 2011

MOMENTOS 22


29 de Junho de 2011


Decidi fazer o percurso inverso e recordar os trabalhos realizados para construir as escrituras, eternizar todas as histórias e as suas possíveis continuações, até parte da primeira. Serão lidas, escutadas e multiplicadas, transformarão os habitantes de todas as províncias, passarão de boca em boca mas agora estão arquivadas como nas pedras da lagoa de Gomukh. Oito foram os irmãos que se encarregaram de aprender as histórias, compreender os seus propósitos e beber dessas palavras. Foram transformados pelas surpresas e pelos segredos que passaram a ser seus e a todos cantarão. São eles que irão transportar as crónicas resolvendo o problema das múltiplas linguagens. Terão de as saber comunicar, de registar outras memórias e de eternizar com sucesso o crescimento e a sobrevivência de todas as histórias. Voarão como os antigos rapazes-pássaro, avançarão como se o tempo não existisse, as mensagens chegarão céleres e os horizontes alargar-se-ão pela sua influência.

O alimento foi fornecido, os habitantes das províncias mais afastadas foram transformados e crescerão estimulados pelas aprendizagens recebidas. Provaram o fruto, comeram das mesmas raízes, dos mesmos caules, das bagas e dos néctares originais. Uma nova visão do firmamento foi assim criada, sabem porque os dias e as noites se alternam, sabem como dormem os pássaros, como os peixes crescem, como amamentam os felinos, como os paquidermes ajudam nos penosos trabalhos, sabem como concretizar os seus instintos mais primários e sabem como os milagres acontecem.

As escrituras ajudaram a condição primeira da tradição oral que constava nas viagens dos novos rapazes-pássaro, das suas bagagens, e foram acrescentadas às que já existiam nas províncias visitadas.

Os momentos são de mudança.

Na luz que renovará os habitantes das mais remotas províncias criar-se-á esperança, sabedoria e verdade através da prática das leituras que com os primeiros irmãos mensageiros foram realizadas. Crescerá a confiança, afogar-se-ão os receios, as angústias e os passados dolorosos, outras necessidades serão criadas e um todo rejuvenescido surgirá pelas leituras das mensagens.

A oralidade é ajudada pela escrita que perpetua, que se eterniza, mas que se transmite através das vozes que a cantam e as servem como alimento.

Reformulam-se as ideias em forma e em conceito.

Substituem-se os momentos.

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